Emissora: Rede Globo. |
O programa foi criado a partir de um esboço feito por Kadu Moliterno e André de Biase, que haviam trabalhados juntos na telenovela Partido Alto (1984). A idéia foi concretizada por Daniel Filho, que apostou e investiu no seriado. Tanto Biasi como Moliterno eram esportistas na vida real o que facilitou bastante as filmagens, dispensando muitas vezes o uso de dublês em cenas perigosas. As cenas onde os personagens surfam, por exemplo, eram feitas pelos próprios atores.
A série inovou a linguagem televisiva no Brasil, fazendo uso do humor satírico e do tom surreal conferido a algumas cenas, sendo considerada uma das mais completas traduções das histórias em quadrinhos para a televisão que se deu no Brasil, com balões, recorte de quadros, edição clipada, alteração de cores, citações descaradas da cultura pop, muito som, fúria e estilos de vida incomuns. Referências não faltaram aos enlatados norte-americanos como: Swat, Magnum, A Dama de Ouro (ou melhor... de couro) e até as onomatopéias escritas na tela, algo visto com freqüência no seriado de Batman e Robin.
O enredo também não era muito comum, logo de início tínhamos um triângulo amoroso bem imponderado, entre seus protagonistas e a inserção de um menor abandonado que mesmo encontrando o carinho de uma mãe adotiva e dois pais super aventureiros, não perdia a chance de se lamentar. Os episódios eram intercalados pela narração da locutora Black Boy (Nara Gil), dando um ritmo de videoclipe aos episódios.
Os conhecidos heróis Juba e Lula eram os integrantes da Armação Ilimitada, uma firma que oferecia serviços de dublês e qualquer trabalho que envolvesse esportes radicais, locada num espaço meio expressionista com escadas que davam pra lugar nenhum, decorações multicores, muito néon e uma F-1000 na garagem com o nome da firma. Juba e Lula dividiam o amor e a mesma casa com a quase jornalista Zelda Scott (Andéia Beltrão) e sempre contavam com uma pequena ajuda do menor órfão Bacana (Jonas Torres) em suas aventuras. Dando um maior toque cômico à série, tínhamos a confidente de Zelda chamada Ronalda Cristina (Catarina Abdala), uma mãe-solteira maníaca por regime e com uma filha telecinética chamada Zeldinha Cristina, um bebê com superpoderes e com um carrinho que mais parecia uma nave espacial.
Nos diálogos malucos na sala do chefe do “Correio do Crepúsculo”, entre Zelda e o seu chefe (Franscisco Milani), sempre encontrávamos metalinguagens e metáforas engraçadas enquanto Milani não perdia a chance de massacrar sua jornalista mais odiada. O chefe de Zelda aparecia sempre caricaturado de acordo com o momento específico da relação com a funcionária. Os dois podiam aparecer numa tempestade em alto-mar ou numa praia com sombra e água fresca, tudo sem sair do escritório.
A fotografia de Armação Ilimitada era mutável, já que para cada referência feita, era criado um cenário compatível, além de iluminação e figurinos que remetiam os telespectadores a um mundo diferente em cada episódio.
Armação Ilimitada foi exibido numa época de grande euforia, com o fim do regime militar. Este fato refletia-se na produção artística. No primeiro episódio da série, por exemplo, todo o elenco iria se reunir para cantar “Merda”, música de Caetano Veloso. A cena idealizada por Nelson Motta, não foi liberada para exibição.
No quarto ano de exibição, o programa sofreu algumas modificações no enredo e equipe. Zelda deixou o jornalismo, envolvendo-se em outras atividades, sempre com o mesmo chefe. Bacana entrou para escola e formou uma turma de amigos, criando um novo núcleo de histórias.
No dia 8 de dezembro de 1988, o seriado deixou de ser exibido, mas Kadu Moliterno e André de Biasi voltariam na série Juba & Lula no ano seguinte. Juba e Lula hoooooo!!! Lembra?
InfanTV