Nostalgia dos Anos 80

 

Vivi toda minha infância na década de 80. Não sei se isso é motivo de orgulho ou de lamentação, mas uma coisa é certa: os anos 80 foram uma década cheia de mistérios que, no futuro, vão deixar os arqueólogos coçando a cabeça.

Imagino eles tentando entender como a humanidade sobreviveu a uma década inteira assistindo “Tubarão” repetidamente. Ainda bem que, por algum milagre, não fizeram mais 19 continuações desse filme!

A televisão daquela época? Um verdadeiro teste de resistência. Hoje vejo as pessoas reclamando da programação de domingo e penso: será que o brasileiro esqueceu os domingos intermináveis dos anos 80?

Roletrando, Domingo no Parque, Porta da Esperança… e o temido Show de Calouros. Até hoje, carrego as cicatrizes emocionais! E aquela brincadeira do “Quantas Notas, Maestro?“… como as pessoas descobriam uma música inteira com três notas?

Nem o próprio compositor conseguiria! E falando em nostalgia musical, quem aí se lembra do verdadeiro “Tchan” dos anos 80? Se dependesse só de coreografia e sensualidade, o “Trio Los Angeles” estaria no topo até hoje!

Carla Perez, cuidado! A Gretchen de ontem pode ser você amanhã! Confesso que o Rock nacional salvou um pouco a década… embora hoje seja estranho ver o Renato Russo cantando “Geração Coca-Cola” com tanta intensidade, na época fazia total sentido.

Loja

Ah, e se você acha que era fácil encontrar um vinil do Black Sabbath ou do Iron Maiden, esqueça! Era Michael Jackson e Julio Iglesias na seção internacional das lojas e olhe lá.

Como autêntica criança dos anos 80, posso afirmar com propriedade: nós tínhamos hábitos, digamos, curiosos. Quem nunca jogou Decathlon no Atari, balançando o joystick como se fosse uma maratona? E o Aquaplay?

Ficar horas tentando fazer aquelas argolinhas encaixarem… Se você está aí julgando as crianças dos anos 90, olha no espelho: quem é você para chamar alguém de mongolóide? Nós éramos os mongolóides originais, só que com brinquedos analógicos!

A moda então, nem se fala. Era Kichute ou All-Star no pé e aquelas jaquetas Adidas com as três listras brancas. Camisetas lisas, sem estampa… Silk-screen devia ser uma tecnologia alienígena na época.

Moda

Mas o auge da “beleza” estava nos cabelos: todo mundo com aquela juba volumosa e exagerada, cortesia do Neutrox. Se alguém quiser um documentário sobre a praga de piolhos dos anos 80, estou disponível para depoimentos!

Na alimentação, era tudo mais contido. Coca-Cola de 1 litro para a família toda e tudo no tamanho “normal”. Hoje, vivemos na era do “big”: pipoca gigante, TV de 51 polegadas e… bom, digamos que até algumas partes do corpo seguiram essa tendência de crescimento.

Nos anos 80, silicone era coisa de ficção científica! E quem não lembra do biscoito dos “Monstrinhos Creck“? Um clássico! E do Milkbar, que depois virou Lolo, e das mudanças globais que começaram com a TV National virando Panasonic?

Falando nisso, a verdadeira guerra da década não foi entre capitalismo e comunismo. Foi entre VHS Betamax! Quem viveu isso sabe: era uma rivalidade digna de novela. As locadoras tinham os dois formatos, e as discussões entre os defensores de cada um eram intermináveis.

Mas, no final, só um sobreviveu… e assim, os anos 90 se livraram dessa confusão. Sabe, às vezes sinto falta daquela simplicidade. A única preocupação era com os comunistas. Não tinha camada de ozônio, nem Windows pra dar dor de cabeça.